sexta-feira, 30 de junho de 2017

A Amargura Em "O Osso Da Borboleta" De Rui Cardoso Martins


Autor: Rui Cardoso Martins
Título: O Osso da Borboleta
Editora: Edições Tinta da China
Sinopse: Uma cidadezinha atlântica portuguesa, hoje. Praia, casino, pescadores, peixeiras, doutores, bandidos, o rasto dos refugiados judeus da Segunda Guerra. Nesta terra consumida pela grandeza do passado — ou pela falsa memória de que foi grande — um homem escondeu-se do mundo. Onde nem todos os polícias juntos o encontram. Fala com as pombas e com deusinhos gregos, tem um Olimpo de vitrine. Quem não fez isto e aquilo e aqueloutro naquela altura? A vizinha de baixo arrasta as pantufas da velhice e da solidão, insulta as suas flores. Purificação já foi a mais bela mulher da cidade. O jogo do passado vem ter com a Borboleta. Um deus de província e do dinheiro sujo quer esmagá-la. Morre o cão, acaba a raiva. Um romance sobre um país que não encontra lugar no mundo. Da aflição das pessoas que procuram o amor, de fracasso em fracasso. Comédia humana onde, apesar de tudo, o mal pode morrer e a vida continuar. - EDIÇÕES TINTA-DA-CHINA
Kaur
Um homem refugiado num sítio onde nem os polícias chegam. Uma vizinha mal humorada com problemas familiares, e passados também. Parece algo que eu escreveria mas Rui Cardoso Martins antecipou-se - é tão bizarro que chegamos a pensar que é verdade. É alucinante. 

E deuses numa vitrine? Aposto que a Barbie ainda não se mexeu e o outro não vai dar o primeiro passo para saltar para cima dela. E Purificação? Que mulher.

Purificação e o nosso amigo sem nome que vive isolado vivem no passado e o autor é capaz de mostrar de uma maneira muito poética como o isolamento e o envelhecimento nos afeta, até porque "quem inventou a velhice devia arder no inferno". Tanta metáfora, tanta coisa boa.

Purificação é daquelas personagens deliciosas - ou não amasse eu personagens mais velhinhas e resmungonas - e tem uma história de vida que me deixou agarrada. Por que razão é ela tão amarga? Só mesmo no final nos é revelada a sua vida enquanto jovem e bela mulher.

Parece confuso ao início, mas deixei-me encantar por este livro.
A estreia de Rui Cardoso Martins nas minhas leituras, e que venham mais!

Classificação: 3,75/5*

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