Autor: Haruki Murakami
Editora: Casa das Letras (Grupo Leya)
Classificação: 5/5 *
Tinha começado a ler o livro há uns bons 3 anos mas parei e não me lembro porquê. Talvez porque era a versão digital do livro e me cansei?
Quando peguei no livro sabia o que ia encontrar, ou pensava eu que sabia. Foi o primeiro livro do mestre Murakami com o qual ele nunca sonhou vir a ser aquilo que é hoje para milhões de pessoas em todo o mundo: um escritor de culto.
Neste livro, que na realidade são dois, somos capazes de ver o que ia na cabeça do jovem Murakami e a ideia que este tem de livro. Nota-se que queria inovar e notam-se que a música já fazia uma grande parte da sua vida. Em todo o livro conseguimos ouvir as melodias que este evoca. Somos capazes de sentir as sonoridades mesmo sem as ouvir. Mesmo no silêncio, as suas palavras são harmonizadas e tocam uma música só delas.
Murakami leva-nos para outro mundo, que é Yamanote, mas que não é o mundo que estamos habituados a ver.
Este livro vai tocar em coisas impensáveis, ao ponto de eu me questionar por que razão estava eu tão triste por ver uma máquina de flípers ir embora para sempre. Assim como o narrador, senti que me ia separar daquela flíper que nunca vi na vida e senti que estava naquela antiga fábrica e que sentia o frio e o odor.
Também eu era o Rato que combate com os seus problemas interiores. Era ele e não era, senti empatia por ele e Murakami conseguiu que eu quisesse mais do Rato. Eu era os livros do Rato.
Quanto às descrições do espaço, em poucas palavras Murakami nos levava lá - e eu fui capaz de estar no pontão com o farol à esquerda e a zona habitacional à direita a ver o sol e a sentir as gotas das ondas a baterem na minha cara.
Eu fui o Jay e servi cervejas, nunca as bebendo porque, assim como o Jay, também eu não bebo.
Fui as gémeas que vivem com o nosso narrador sem nome. Fui o empregado que foi trocar o quadro de distribuição. Eu fui ao funeral de uma certa coisa.
Eu estive envolvida em toda a trama. E quero mais.
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