segunda-feira, 3 de abril de 2017

No Cinema | "Ghost in the Shell - Agente do Futuro"


Ghossdaser
Realizador: Rupert Sanders
Argumento: Jamie Moss, William Wheeler, Ehren Kruger Masamune Shirow
Com: Scarlett Johansson, Pilow Asbæk, Takeshi Kitano, Juliette Binoche, Michael Pitt, Chin Han, Lasarus Ratuere, Yutaka Izumihara, Peter Ferdinando, Anamaria Marinca
Género: Acção, Crime, Drama

Uma sociedade num futuro próximo está viciada nos aperfeiçoamentos corporais recorrentes às máquinas - 75% da população mundial já se rendeu ao aperfeiçoamento corporal e já não são totalmente humanos, pelo que têm partes completas do corpo não-orgânicas.
Major é a primeira da sua espécie: uma humana salva após um grave acidente tem o seu cérebro transplantado para um corpo todo ele ciborgue. Quando o terrorismo chega ao nível de ser possível hackear e controlar o cérebro de uma pessoa, Major é a única qualificada para fazer parar o aumento de crimes deste género. Mas Major descobre que toda a sua vida depois do transplante se trata de uma mentira: a sua vida não foi salva mas sim roubada pela empresa para a qual trabalha. Nada parará Major de chegar à verdade, recuperar o seu passado e vingar-se de quem lhe fez isto e tentará que mais ninguém sofra o mesmo que ela sofreu.
O filme é baseado no manga japonês Kôkaku Kidôtai (Ghost in the Shell),  escrito por Masamune Shirow.





Um filme que tinha na minha lista de filmes para ver este ano mas que ficou aquém das minhas expectativas. Não vi os filmes originais nem li o manga japonês no qual é baseado. Fui completamente às cegas para o filme, tendo apenas visto os trailers disponíveis.

Não quis ler grande coisa acerca do universo de Ghost in the Shell mas, do pouco que li, parece muito complexo e muito mais do que aquilo que surge no filme. A filosofia deste é bastante controversa, principalmente nos dias de hoje: o que é exactamente um ser humano numa sociedade onde o cérebro pode ser recolocado num corpo totalmente robótico?

20170402_144058_


Confesso que não entendia ao que o título fazia referência - Ghost in the Shell, "Fantasma na Concha"? - mas isso é colocado à frente dos nossos olhos logo no início do filme, onde podemos ver vagamente o processo do transplante do cérebro de Major para o seu corpo ciborgue. Vemos então a transferência daquilo que é a alma, o fantasma, do ser humano para um corpo "falso". É um conceito deveras interessante.

O primeiro impacto que tive em relação ao que toca à cinematografia foi as parecenças inquestionáveis com o universo Matrix que, soube à posteriori, foi baseado no universo de Ghost in the Shell! Wow! As cenas em câmara lenta de Major (Scarlett Johansson) ao início, a sua visão computorizada e capaz de ver a energia/electricidade de tudo o que a rodeia, remonta muito para os códigos que podemos ver em todos os filmes da trilogia Matrix. Nota-se que houve muito trabalho para conseguir captar o ambiente do Ghost in the Shell principalmente no que toca à metrópole altamente avançada em termos tecnológicos mas decadente e deprimente no que toca à humanidade como a conhecemos hoje em dia.

Um pormenor que me chamou à atenção foi a importância dada ao papel da Rila Fukushima antes da saída do filme - pessoalmente, ouvi falar muito da presença dela neste filme - mas sejamos sinceros... O seu papel foi quase nulo. Aquela gueixa vestida de vermelho que queima um dos donos da Hanka com chá é Rila Fukushima. Não fala e se aparecer no ecrã mais de 30 segundos é muito. O que se passou para darem destaque à actriz no filme? Realmente não entendi.

https://www.youtube.com/watch?v=1bechUfP8wY
Gostei muito de Scarlett Johansson no papel de Major. Embora tenha havido uma polémica racial onde Hollywood foi acusado de "whitewashing", que é a tentativa de usar actores caucasianos em detrimento de actores com as etnias dos personagens principais (neste caso o público esperava uma actriz asiática para o papel de Major), não penso que tenha havido qualquer racismo. Johansson disse numa entrevista sobre o filme que Major não tem identidade, visto que é um cérebro dentro de um corpo ciborgue. Eu concordo com o que esta diz e nem me questionei sobre a etnia de Major porque sabia, de antemão, que o seu corpo não seria o original e não esperaria que lhe atribuíssem uma etnia de acordo com o seu antigo corpo. É simplesmente um corpo. À baila também veio a questão da mudança de nome de Makoto para Major - tal mudança foi feita para apelar ao público que não se sente atraído por manga/anime - mas no final do filme, o seu verdadeiro nome é revelado.

No geral, o filme entretém mas não foi muito o que eu esperava. É bastante dentro do "normal" no que toca à história e temos a polémica do "quando se deixa de ser ser humano?" para ajudar o espectador a sentir mais compaixão para com Major mas os efeitos especiais, a banda sonora e os papéis bem interpretados pelos actores compensam o resto.

Classificação: 6/10
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